Blog Vou de Bike

Postado em 5 de March por gugamachado

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Cicloturismo 3 – Preparando a Bicicleta

Bom, nesta altura já temos nossa decisão tomada quanto a viagem, nosso roteiro escolhido, e agora falta prepararmos nossa bike, além de nos prepararmos também.

Começando pela preparação da bike, encontramos o primeiro grande paradoxo. Por mais modernas e sofisticadas que as bicicletas estejam hoje em dia, nossa preferência será por bicicletas as mais simples possíveis, e acima de tudo, bem confortáveis.

Porquê mais simples? Imagine o cenário: você com sua super bike “full suspension”, com freio a disco hidráulico, fazendo uma viagem pelo interiorzão do Brasil, e de repente, seu freio quebra, ou pior, seu quadro trinca. Já pensou o perrengue?

Partindo desta imagem mental, nossas bikes precisam ter componentes robustos, mais simples e de fácil substituição, ou até adaptação. Se você observar, a maioria das bicicletas de cicloturismo comercializadas possuem freios no tipo “cant-lever” ou “v-brake”, robustos e de fácil manutenção.

E os quadros costumam ser de aço, de cromo, ou de alguma liga fácil de ser reparada com uma simples solda. Ou seja, a idéia é que ganhemos o máximo de auto-suficiência mecânica possível, a ponto de um reparo poder ser feito por nós mesmos, ou até por um mecânico não especializado em bicicletas.

Falando em quadros, pedalar algumas horas numa bicicleta desadaptada ao nosso biotipo é uma coisa. Porém, viajar com ela é outra completamente diferente. Portanto, o ideal é que sua bike esteja revisada e ajustada para você. Veja mais dicas de como ajustar sua bicicleta aqui e aqui.

Além do quadro e ergonomia, alguns itens que devemos observar na bicicleta são:

 Com relação a transmissão, procure um grupo resistente, porém não muito sofisticado. Um exemplo seria a linha Altus ou Acera, da Shimano, que são grupos de gama inicial, porém bem resistentes. O número de marchas também não é fundamental e depende muito da altimetria do trajeto escolhido. Normalmente um grupo com 21 marchas bem escalonadas com uma boa relação leve (para subidas) e pesada (para decidas e grandes retas) funciona muito bem. Procure conversar bem com o seu lojista e evite os exageros.

– Falando do selim, procure um que seja o mais confortável possível. Porém, isto não quer dizer que tenhamos que utilizar aqueles selins iguais ao “sofá de casa”, pois um selim grande prejudica o movimento das nádegas na pedalada e incomoda muito a região interna da coxa, raspando o tempo todo. Ah, e o principal: nunca saia para uma viagem longa sem antes utilizar o selim em viagens mais curtas, seguindo as dicas que adaptação que já demos por aqui

– Utilize cubos e movimento central selados, pois estes  praticamente não requerem manutenção. Se suas viagens incluem lama, areia e água – e quase todas incluem – estes equipamentos são fundamentais para que você não fique na estrada…

– Quanto aos freios, eles tem que ser o mais simples possível, do tipo v-brake ou cant-lever, porém o mais eficaz possível, pois quanto menos força para acionar o manete você tiver na mão, mais importante será este investimento. Frear uma bicicleta carregada é bem diferente que frear ela vazia. E este equipamento costuma ser bem exigido, daí também a necessidade de fácil manutenção, no caso de algum defeito.

– Não é item necessário, porém se suas rodas e seu canote de selim forem equipados com sistema de blocagem rápida, sua vida será muito mais fácil. Este sistema não costuma custar caro, e facilita muito as operações de montagem e desmontagem da bicicleta para transportá-la em carros ou ônibus, algo muito comum no cicloturismo. Este sistema também facilita muito na hora de remendar os quase inevitáveis furos de pneus.

– Falando nisto, uma mala ou case para transporte da bicicleta é fundamental se você for realizar trechos da viagem de ônibus ou avião. Ela protege a bicicleta e diminui os problemas para embarque em ônibus e metro. É importante que seja leve, pois durante a viagem de bicicleta ela será praticamente um peso morto.

– Para o controle de sua viagem, um ciclocomputador é fundamental para medir distância total e parcial, além da velocidade, pois muitas vezes estes podem ser nossos indicadores de que estamos no caminho certo. Hoje em dia eles podem ser muito bem substituidos por GPS ou Smartphones, porém, estes últimos costumam exigir muita bateria, coisa complicada em um cicloturismo. Aqui é mais um caso onde a simplicidade deve falar mais alto que a modernidade.

– Vamos falar agora de uma questão fundamental quando fazemos um cicloturismo, que é o transporte de nossa carga, através de mochilas, alforges e bagageiros. As mochilas devem ser nossa última opção, pois elas permitem o transporte de uma quantidade muito limitada de bagagem, além de forçarem demais nossas costas. Se o espaço permitir, tenha a mão uma mochila de “ataque”, somente para levar bagagem para uma caminhada ou uma visita a algum sítio onde o deslocamento seja feito a pé.

– Os bagageiros da bike devem ser bem reforçados, evitando-se os de alumínio, e devendo ser instalados no quadro, porém mantendo a roda livre para facilitar a manutenção. A maioria dos quadros atuais prevêm a instalação de bagageiros, e possuem a furação para tal, na traseira da bicicleta. Porém, se for levar muita bagagem, pode-se optar pela instalação também de um bagageiro dianteiro, não muito comum, mas de muita utilidade, pois este contribui até na estabilidade da bike, sempre respeitando a proporção de mais peso na traseira, e menos peso na dianteira, algo como 2/3 para 1/3.

– Já os alforjes que vão ocupar estes bagageiros são um capítulo a parte. Eles possuem diversos tipos e modelos, e o ideal é que tenhamos referências com outros ciclistas, através de fóruns e “bate-papos”, pois neste caso a experiência prévia conta muito. Uma coisa fundamental é que o material seja bem resistente e o menos permeável possível. Algo do tipo “nylon cordura”, por exemplo. O ideal é que eles facilitem o acesso o máximo possível, com a abertura do tipo “boca”, em velcro reforçado para facilitar o manuseio.Os zíperes também são bem vindos. Procure adquirir um alforje não muito grande e desengonçado, nem muito pequeno, e de preferência com muitos bolsos. A fixação deste no bagageiro também deve ser muito facilitada, pois costumamos remover e colocar muito os alforjes em viagens, até por uma questão de segurança. Procure também protege-los com capas anti-chuva. A maioria dos alforjes costuma ter este acessório disponível.

Se for pegar algum trecho noturno, o ideal é ter um bom sistema de iluminação instalado na bicicleta, que consiste em uma ou duas lanternas (fortes) com luz branca na dianteira (se possível tenha ao menos uma removível, que pode ser utilizada como lanterna) e sinalizadores em vermelho na traseira. Opte também por ter o mesmo sistema no capacete.

No mais, se preocupe com os itens de segurança obrigatórios, tais como reflexivos nos pedais e nas rodas, espelho retrovisor e buzina (do tipo campainha). O apoio de pé (pezinho) não é item obrigatório, porém auxilia bastante nas paradas frequentes e costumeiras durante as viagens. Certifique-se de que ele é robusto o suficiente para aguentar o peso não só da sua bike, como também de sua bagagem. Atualmente é possível encontrar também modelos do tipo “cavalete”, melhores e mais estáveis que os tradicionais pezinhos.

Boas pedaladas


Comentário

  • Olá,
    Sou ciclista amador e tenho uma dúvida quanto ao peso da bike numa viagem de clicloturismo. A maioria dos fabricantes recomenda utilização até 100 ou 120 kg. Considerando um ciclista um pouco mais pesado como o meu caso, o peso com bagagem ultrapassa facilmente os 100kg.
    Em sua opinião, qual medidas adicionais deve ser tomada para um conjunto com peso acima do recomendado (aros, pneus etc)?
    Obrigado.

    Guilherme Moreira
  • Oi Guilherme. Realmente esta é a recomendação dos fabricantes, mas depende muito do tipo de quadro (os de cicloturismo normalmente são mais reforçados, indo até 150 kgs), do material que ele é feito (os de aço carbono são mais resistentes, porém muito duros. Dê prederência aos de cromo e evite o alumínio, que é muito frágil. O ideal seria o Titanio, mas aí os valores vão as alturas).

    Os pneus não influenciam muito. As rodas devem ter o maior número de raios possível (pelo menos 32) e os aros devem ter parede dupla.

    No mais, o distribuição do regular do peso é bem mais importante do que o peso em si.

    Esperamos ter esclarecido suas dúvidas.

    Abs

    gugamachado
  • Olá, poderia falar sobre os reboques (http://www.biketrailershop.com/bob-yak-bike-cargo-trailer-p-1359.html)? Muito utilizados fora do país e que agora estão começando a entrar aqui no Brasil. Imagino que consistem em boas alternativas, não?

    Márcio
  • Eu queria saber se a marca gallo e uma boa opçao pra comprar e se aguenta meu peso tranquilo de 71 kg? Tive uma caloi 100 mais achei uma bosta o quadro trinco tudo em menos de um ano! To pensano em compra uma gallo pro g aero. Vc acha qu essa bike seria uma boa escolha pra compra?

    Elias
  • Bom dia,

    Estou fazendo um estudo com os ciclistas de São Paulo, que utilizam a bike como meio de transporte casa-trabalho/estudo. O projeto visa melhorar o relacionamento com os ciclistas de São Paulo e quebrar barreiras no destino.
    A pesquisa é rápida, tem apenas 8 perguntas. Se os amigos ciclistas puderem responder e divulgar, estaremos dando um passo para a melhoria nos serviços prestados para ciclistas.
    O link da pesquisa é: http://www.surveymonkey.com/s/Z9YJSF7

    Gostaria de entrar em contato com os amigos ciclistas para poder explicar melhor, meu e-mail é
    ro7verde@hotmail.com
    Grande abraço,
    Rodrigo
    Analista de Projetos Financeiros e de Viabilidade de Negócios

    Rodrigo surveymonkey.com/s/Z9YJSF7
  • Olá, no artigo ficou claro que suspensão full não é interessante, e apenas suspensão dianteira? Tenho uma bicicleta urbana e penso em comprar ou montar uma para cicloturismo. O seu artigo ajudou-me muito, mas ainda estou com dúvida em relação à suspensão dianteira, pois serão pedaladas bem mais extensas.

    Acompanho diariamente seu blog a mais de ano, parabéns pelo trabalho.
    Bruno

    Bruno
  • Oi, Bruno. Realmente para o cicloturismo quanto mais simples a bicicleta, melhor. Assim, nós não recomendamos o uso de bikes “full suspension”, a não ser em alguns casos bem específicos. A suspensão dianteira é sempre bem vinda, desde que robusta, porém não muito pesada e relativamente simples – com poucos ajustes, apesar que uma trava pode ser bem recomendável. Abs e boas pedaladas!

    gugamachado
  • Bom dia

    Qual é a melhor bicicleta para e começar a fazer cicloturismo?? Aguardo

    Jefferson jefinhoexpedicoes.com.br
  • Boa noite, gostaria de saber qual o bagageiro dianteiro que devo usar para a byke Caloi 029 com freios a disco. Vou fazer uma cicloviagem pela america do sul. Grato

    Silvio Almeida
  • Boa tarde, vou fazer uma cicloviagem pelo litoral brasileiro saindo de São Paulo ate a Paraiba…. Estou buscando informações de qual meio utilizar para localização mapas ou tem algum tipo de gps para ser utilizado.?? e também me falaram que precisa fazer um registro na policia informando que vai fazer este tipo de viagem??? obrigado

    Vitor
  • Tenho 1’59 de altura qual o tamanho de quadro da bike para o cicloturismo?

    Cláudio
  • bom dia estou querendo começar a viajar de bike tenho 60 anos pratico atividade fisica diariamente e estou me preparando para uma viajem assim que possivel porem gostaria de algumas dicas em primeiro lugar como moro na regioa serrana do rio vou para o lado de minas é mais tranquilo e seguro porem gostaria de dicas que possam ajudar a traçar os planos para viajem se alguem se dispor a ajudar agradeço abraços

    marcos
  • Que tudo funcione bem.

    Adriano Lopes https://desdobramentolotofacil.com.br

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