Blog Vou de Bike

Postado em 21 de December por Eu Vou de Bike

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Veja entrevista com 1º brasileiro a fazer o Tour d’Afrique

O ciclista e jornalista Alexandre Costa Nascimento embarca em breve para uma viagem que promete ser inesquecível. Alê, autor do blog Ir e Vir de Bike, vai participar do Tour d´Afrique, uma grande jornada ciclística que parte do Egito, no norte da África, e quatro meses depois chega na África do Sul.

Alexandre é o primeiro brasileiro a enfrentar o Tour d´Afrique, evento que já teve 10 edições e reuniu cerca de 400 ciclistas de mais de 20 países. A expedição percorrerá 10 países – Egito, Sudão, Etiópia, Quênia, Tanzânia, Malauí, Moçambique, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia e África do Sul – num total de quase 12 mil quilômetros. Se tudo der certo, os ciclistas farão uma média de quase 120 quilômetros por dia de pedal.

Conversamos por e-mail com Alê, que tirou alguns minutos de sua preparação para contar ao Eu Vou de Bike um pouco mais sobre as expectativas e os detalhes da viagem. Veja a entrevista abaixo:

– A jornada começa em alguns dias. Como foi a preparação física para encarar 4 meses de pedal no verão africano?

Na verdade tenho mantido o ritmo normal de pedaladas que é ir e vir de bike do trabalho durante a semana e dar algumas pedaladas mais longas no fim de semana pela Região Metropolitana de Curitiba. A ideia é apenas manter o condicionamento físico, já que não há treinamento específico capaz de simular as condições que serão enfrentadas durante a expedição, com os diferentes terrenos, o clima rigoroso além da parte psicológica para lidar com tudo isso. Os participantes das edições anteriores são unânimes em apontar que só se pega o ritmo de verdade durante a viagem, após os primeiros dias de “sofrimento”. No fim das contas, esse “batismo de fogo” também é parte do processo.

– Além da preparação física, quanto tempo levou para você organizar a viagem – vistos, passagens, etc? Tem alguma dica para quem pensa em enfrentar algo parecido?

Comecei a correr atrás de tudo há cerca de três meses, quando “cruzei o Rubicão” e decidi que faria o Tour d´Afrique. Desde então, a rotina tem sido a de matar um leão por dia. É preciso lidar com os aspectos da viagem — inscrição, equipamentos, vistos, vacinas –, com a vida cotidiana que segue, além de deixar tudo relativamente organizado para o período de quatro meses de ausência. Apenas três dos dez países exigem visto antecipadamente: Sudão, Etiópia e Maluí — todos eles têm representação diplomática em Brasília, o que facilita o processo. É um mundo de coisas para serem resolvidas ao mesmo tempo, o que requer planejamento, organização e paciência para lidar com os contratempos. É uma fase um pouco estressante, mas a cada etapa vencida, a cada problema resolvido, sinto que estou um pouco mais próximo da África. A dica é ter disposição para realizar um grande sonho e se planejar para concretizá-lo.

– Que equipamento você está levando? Além da bicicleta, há alguma outra coisa? Como funciona a logística do Tour d´Afrique?

A bicicleta é uma aro 29″, com quadro de alumínio e câmbio de 27 marchas (Acera), com suspensão dianteira e freios v-brake. A ideia é que seja uma bike robusta, que dê pouca manutenção mas forte, capaz de aguentar o “tranco”. A bicicleta é equipada com alforges e um GPS (se perder no meio da savana não deve ser algo tão legal!!!). Também levarei alguns itens de reserva e peças de reposição (raio, aro, pneu, cassete, correntes, sapatas de freio). Na bagagem vai ainda um kit de acampamento (barraca, saco de dormir e utensílios), além de equipamento de trabalho como computador, câmera fotográfica, GoPro. Também levo um kit de primeiros socorros com remédios desde uma dor de cabeça ou resfriado até para situações de emergência, como uma contaminação por malária. A parte “pesada” dos equipamentos vai no carro de apoio — mas há uma limitação de volume por participante.

– Quais são as dificuldades que você espera enfrentar pela frente? Existe algum temor pela segurança?

Creio que o aspecto humano será o mais difícil de lidar. A África tem uma beleza natural ímpar, uma cultura riquíssima, mas também não podemos nos esquecer que aquele é o continente mais pobre do planeta. Há países que viveram ou ainda vivem ditaduras sanguinárias, que são assolados pela fome e pela miséria. Na faculdade de jornalismo tentam te ensinar a um certo “distanciamento” dos fatos. Mas é da natureza humana se indignar diante das grandes injustiças e, no dia que eu perder isso, perco também a razão de ser jornalista.

Quanto a questão da segurança, existe sim alguns riscos envolvidos. Muitos países são instáveis e ainda atravessam turbulências políticas internas. A organização do Tour d´Afrique vai monitorando a todo instante o cenário geopolítico e, havendo qualquer perigo iminente, a rota é alterada.

– Você já fez outras viagens longas de bicicleta. O que o Tour d´Afrique tem de diferente de tudo o que você já fez (tirando o fato de ser na África)?

Em distância, o Tour d´Afrique é o maior evento ciclístico do planeta. São 12 mil quilômetros para atravessar o continente de Norte a Sul — do Cairo ao Cabo –, passando por 10 países. Em termos de uma aventura de bicicleta, acho que poucas coisas são comparáveis a essa jornada épica. Vamos pedalar por aqueles lugares que vemos em filmes e documentários da NatGeo, como as Pirâmides do Egito, os Templos Sagrados do Nilo, o deserto do Sudão, as Montanhas bíblicas da Etiópia, as Cataratas de Victória, o Lago Malauí, o Monte Kilimanjaro, a cratera do Ngorongoro, o Kalahari e a magnífica Cidade do Cabo. Além disso, são mais de 60 ciclistas do mundo todo juntos nessa empreitada. Essa convivência também deve ser algo marcante para forjar aquelas amizades que duram para a vida toda.

Foto: Divulgação/Andreza G. L. Costa Nascimento


Postado em 13 de September por gugamachado

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Vereador de SP se declara Pró-Bicicleta

Aqui no EVBD nós acreditamos que o aumento na utilização da bicicleta como meio de transporte de forma eficaz e consistente necessariamente passa pelo poder público.

E em ano de eleições, nada melhor do que pesquisar e apoiar quem é a favor de nossos ideais. O poder Legislativo, infelizmente costuma ser relegado a segundo plano, e isto é um grande erro, uma vez que sem este, o poder Executivo pouco pode produzir.

Neste sentido, iniciamos uma série de entrevistas com candidatos a vereador por São Paulo que se declaram a favor das bicicletas, e que, acima de tudo, tenham uma história de compromisso com esta plataforma.

Nesta semana estivemos com o atual vereador Gilberto Natalini, que nos concedeu uma entrevista bem produtiva, deixando bem claro o seu ponto de vista sobre o assunto.

Acompanhem na sequência:

EVDB: Após os avanços que tivemos na cidade de São Paulo, qual é o próximo passo para inserir cada vez mais a bicicleta como meio de transporte na capital?

G.N.: Avançamos muito, mas o Brasil ainda é o país do automóvel, precisamos avançar muito mais, e isso é um grande desafio. Precisamos primeiramente mudar a cultura do nosso país, criando uma cultura para a bicicleta, depois precisamos pensar em ampliar a infraestrutura cicloviária, fazendo cliclovias que tenha interligação com CPTM e Metrô, para que as pessoas possam utilizar para ir trabalhar. Também precisamos avançar com relação a educação no trânsito, os motoristas precisam conhecer melhor as leis e respeitá-las.

EVDB: Como a Prefeitura pode trabalhar com o governo do Estado para implementar a instalação de bicicletários em todas as estações de Metrô e Trem, durante todo o horário de funcionamento das estações? Essa proposta é viável?

G.N.: Essa proposta é viável e indispensável. Já temos 22 bicicletários na CPTM e 16 no Metrô, já avançamos bastante e contem comigo para avançar mais.

EVDB: A Ciclofaixa de Lazer em São Paulo é um sucesso de público e mostra que a demanda é enorme. Não está na hora de começarmos a estudar a viabilidade de ciclofaixas permanentes?

G.N.: A Ciclofaixa de Lazer, criada através da lei do então vereador Walter Feldman e implantada por ele, quando Secretário de Esportes é um sucesso, milhares de pessoas passam por ela aos domingos, certamente precisamos torná-las ciclofaixas permanentes, para uso diário, existia uma promessa de aumentar mais um dia da semana, a proposta é ousada, pois mexerá bastante com o trânsito da cidade, pelo menos num primeiro momento acredito que o trânsito ficará mais caótico, depois certamente vai melhorar, pois muitas pessoas deixarão os carros em casa, para ir trabalhar de bicicleta. A CET já está estudando essa questão e contem com o meu apoio para levar o assunto adiante.

EVDB: O senhor participou da COP-15, em 2009, e viu como funciona o uso de bicicletas em Copenhague. Que ideias que São Paulo poderia importar para incentivar as bicicletas por aqui?

G.N.: Acho que poderíamos pensar em criar um órgão especial para mobilidade humana na cidade, estruturar o plano cicloviário no município, ampliando as ciclovias, ciclorrotas, ciclofaixas, bicicletários, paraciclos, vias de tráfego compartilhado …Além de melhorar a infraestrutura de integração de transporte de média e alta capacidade, principalmente trem e metrô.

EVDB: A Lei 13.995, de 10 de Junho de 2005, prevê a criação de estacionamento de bicicletas em locais de grande afluxo de público, como mercados, hospitais, igrejas, museus, shoppings, etc. Como melhorar a fiscalização desta lei? É possível ampliá-la para incluir grandes prédios de escritórios, especialmente em regiões com alto índice de trânsito, como Itaim, Paulista, Berrini?

G.N.: A partir do momento que ganharmos os governos para o uso da bicicleta, essa lei será regulamentada naturalmente, isso é a mudança da cultura, é educação no trânsito. Aí todos os locais públicos ou privados terão que ter estacionamentos para bicicletas, assim como a maioria dos locais tem estacionamento para motos. Isso certamente será natural.

EVDB: Como o Sr. relaciona o seu mandato e suas atividades majoritariamente voltadas à sustentabilidade com a mobilidade por bicicletas?

G.N.: Defendo na Câmara dos Vereadores, recursos do orçamento da Prefeitura para a mobilidade por bicicletas, principalmente para projetos e obras cicloviárias, além de ajudar o nosso candidato José Serra a alcançar a meta de 400km de infraestrutura para bicicleta. Sou um vereador, defensor da causa ambiente, por uma SP mais Sustentável; tenho projetos importantes como  Água de Reuso, que já economizou bilhões de litros de água potável,  Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas, que esse ano reuniu mais de 4000 pessoas no Memorial da América Latina.

EVDB: Qual vai ser sua prioridade, caso eleito, com relação ao uso da bicicleta como meio de transporte na cidade?

G.N.: Eu apoio a criação do Órgão Especial para mobilidade humana, a partir daí poderemos realizar diversos estudos e avançar na questão do uso da bicicleta como meio de transporte em SP, de forma coerente.