Blog Vou de Bike

Postado em 22 de January por gugamachado

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Conheça a Cicloponto!

Esta semana conversamos com o Vanderlei Torroni, sócio da Cicloponto, empresa de SP especializada em infra-estrutura cicloviária, paraciclos e bicicletários. Esperamos que aproveitem a nossa conversa!

Há quanto tempo a Cicloponto foi lançada?

A Cicloponto surgiu há uns seis anos, em meio a outros projetos voltados a bicicleta, cicloturismo, camisetas, etc.. É uma empresa formada por ciclistas.

– Como surgiu a ideia da Cicloponto? 

A Cicloponto surgiu a partir da necessidade cada vez maior em relação a mobilidade urbana nas grandes cidades, seja na forma de deslocamento das pessoas para o trabalho, lazer ou esporte.

– Qual o principal objetivo da Cicloponto?

Contribuir para que a bicicleta seja de fato vista pela sociedade como possibilidade de mobilidade urbana e, com isso, proporcionar mais qualidade de vida para todos.

– Na opinião de vocês, qual o público que tem adotado a bicicleta como meio de transporte?

As pessoas que prezam uma melhor qualidade de vida e querem de alguma forma colaborar com cidades mais sustentáveis. Hoje, depois de todos os investimentos em mobilidade urbana e com a crescente popularização do uso da bicicleta, temos todas as faixas etárias. As pessoas não querem mais ficar horas presas ao trânsito em carros e nem reféns da superlotação e falta de humanidade no transporte público. Eu mesmo não aguentava mais a falta de educação e o individualismo das pessoas nos carros, trens e ônibus. A bicicleta humaniza e integra as pessoas ao meio em que vivemos. Temos a possibilidade de maior interação com as pessoas, arquitetura, em fim, com a nossa cidade.

– Falando mais especificamente, o que podemos fazer para prevenir o furto de bikes?

Procurar sempre locais seguros e visíveis, estacionamentos com grande circulação de pedestres são mais seguros a furtos. Depois utilizar trancas mais seguras, nada daquelas travas simples. Eu mesmo já tive uma bicicleta furtada em segundos na via. Evitar é quase impossível, mas dificultar é possível com travas modelo u-lock.

– O que falta nas grandes cidades brasileiras para terem mais adeptos da bicicleta como meio de transporte?

Começamos por redução da carga tributária, depois por um maior incentivo de empresas e do governo. São Paulo já esta fazendo a sua lição de casa e se tornando referência para o Brasil. A educação é peça fundamental, mas não podemos deixar de pensar em estruturas de estacionamento. Incentivar este tipo de modal é implantar estruturas pensadas e adaptadas para a bicicleta. Um bicicletário adequado é um local de estacionamento exclusivo de bicicletas, que oferece segurança e conforto ao ciclista. O bicicletário deve ser instalado em um local visível, acessível e em alguns casos restrito, pois isso estimula a sua utilização. Ainda que pareça redundante, um bicicletário deve ser um local exclusivo para o estacionamento de bicicletas com sinalização indicativa. Compartilhar o espaço com motos e outros veículos é uma prática que não valoriza a bicicleta como meio de transporte.

– Finalizando, quais são suas dicas para aqueles que adotaram a bicicleta como estilo de vida?

Se não sabe andar, procure uma pessoa que possa de ensinar e até acompanhar em uma das suas viagens (bike anjo), procure um modelo de bicicleta mais apropriada, falo em bik fit, use sempre os equipamentos obrigatórios e recomendados, capacete, luzes, refletivos, roupas especificas para o ciclismo. Se a sua empresa não estimula, procure pessoas que tenham a mesma pretensão e pleiteiem junto a administração armários e chuveiros. Dá certo, pode confiar. Já vi muitos cases de sucesso.  Procure ciclorotas, ciclovias ou vias paralelas a de grande fluxo, pois são mais perigosas. Comece alternando os dias de uso da bicicleta e gradualmente aumente a frequência. Procure sempre gesticular a sua intenção no transito para o automóvel e sempre agradeça aos gestos de prudência de motoristas, pois assim você estará estimulando a prática.

O mais importante é tomar coragem e dar o primeira passo, ou pedalada, como o tempo tudo vai ficando mais fácil e deixando de ser “surreal”, como muitas pessoas pensam que é andar de bicicleta na ruas da cidade.

“Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã”

(James Dean)

Muito obrigado, Vanderlei, por dividir seu conhecimento conosco!


Postado em 29 de May por gugamachado

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Conheça a Ciclomidia

paraciclo instalado no “The Fifities” da Vila Olímpia

Nesta semana entrevistamos o Eduardo Grigolleto, da empresa Ciclomidia, que vem contribuindo em muito com o uso da bicicleta como meio de transporte na cidade de São Paulo.
Foi uma entrevista muito proveitosa, e trouxe muito do pensamento como nós aqui do EVDB tratamos esta questão! Muito obrigado, Edu, por dividir conosco seu tempo e sua sabedoria!!!!

– Há quanto tempo a Ciclomídia foi lançada?
Acabamos de fazer 2 anos de vida!

– Como surgiu a idéia da Ciclomídia?
A ideia central do negócio surgiu quando eu passei a usar a bicicleta como meu principal meio de transporte para ir ao trabalho e para resolver coisas do dia-a-dia, como ir ao banco ou realizar pequenas compras. Como eu já estava saturado do trânsito de São Paulo e com as condições precárias do transporte público, resolvi usar a bicicleta como alternativa. Esse movimento foi algo realmente transformador em minha vida, pois além dos benefícios físicos a bicicleta me fez enxergar e viver a cidade de São Paulo de uma maneira totalmente diferente.

Apesar de a cidade oferecer pouquíssima estrutura para o ciclista, ver bicicletas nas ruas de São Paulo é cada vez mais comum. E uma das grandes dificuldades desses ciclistas, ao contrário do que muitos pensam, não é somente a questão de se locomover no trânsito de uma cidade grande, mas sim onde estacionar suas bicicletas ao chegarem em seus destinos. A maioria dos estabelecimentos e empresas não dispõe de um local adequado e não sabem como atender o ciclista ou como lidar com a situação.

Passando por essa dificuldade diariamente e vendo o aumento considerável de pessoas passando a usar a bicicleta, e também cada vez mais iniciativas de estímulo ao uso da bicicleta, comecei a enxergar que esse ”problema bom” de estacionamento de bikes seria cada vez maior, e foquei nisso. Já existem “N” iniciativas de incentivo ao uso da bicicleta, o que é ótimo, mas depois que a pessoa passa a fazer essa opção pela bicicleta onde ela vai estacioná-la?

Criei então produtos e serviços para ajudar a resolver essas questões e hoje, além de adequar os locais, nosso trabalho envolve também a promoção desses estabelecimentos como locais “Bike Friendly”. E acabamos também sendo consultores para eles nas questões que envolvem as bicicletas em seus negócios.

 

Serviço de “bike valet” na Adventure Sports Fair/2013

– Qual o principal objetivo da Ciclomídia?

O principal objetivo da Ciclomídia é disseminar essa visão de que o ciclista é um cidadão e um consumidor também. Nossa missão é fazer as empresas, estabelecimentos comerciais, eventos, etc enxergarem isso e se preocuparem em receber bem essas pessoas que chegam em seus estabelecimentos de bicicleta pois eles também merecem ser bem recebidos e bem tratados como qualquer outra pessoa.

Um estabelecimento que não vê isso dessa forma hoje, está perdendo dinheiro – simples assim! Pois este “consumidor sobre duas rodas” irá onde é bem recebido com sua bicicleta. Esses ciclistas têm um perfil de alta fidelização por esses lugares onde os recebem bem.

Uma empresa que não vê isso e não incentiva seus funcionários que optam por ir trabalhar de bicicleta, está também deixando de economizar com saúde, pois essas pessoas se tornam bem mais saudáveis e também faltam menos. Além disto, está deixando de ter funcionários mais produtivos e bem humorados, e até mesmo mais pontuais, pois o próprio desafio intermodal realizado anualmente mostra que a bicicleta é o meio de transporte mais eficiente hoje na cidade de São Paulo.

– Na opinião de vocês, qual o perfil do público que tem adotado a bicicleta como meio de transporte?

Pelo que vemos na ruas são pessoas dos mais variados perfis, mas o que todos tem em comum é a busca de uma forma alternativa e eficiente de transporte, e que acabaram encontrando isso na bicicleta. O trânsito saturado, os transportes coletivos superlotados, caros e de péssima qualidade também estão fazendo as pessoas procurarem outras alternativas, eu conheço muita gente que além das bicicletas estão indo trabalhar até de skates e patins!

Paraciclo do tipo “U Invertido”

– Falando mais especificamente, o que podemos fazer para prevenir o furto de bikes?

Previnir o furto é uma conjunção de fatores. Primeiro, um paraciclo ideal para estacionar a bike, que é o U invertido, pois ele permite que se trave a bicicleta prendendo pelo quadro e rodas, o que dificulta bastante o furto.

Boas travas também são essenciais – o ideal é ter sempre 2 tipos de travas diferentes pois na maioria das vezes o gatuno está com a ferramenta para romper um tipo de trava. Eu recomendo sempre o uso de uma boa trava U-lock pois ela é bem difícil de ser quebrada. E, com mais um acessório que é um cabo de aço, ainda permite que você trave até mesmo o selim da bile. A combinação de 2 sistemas diferentes é sempre um boa estratégia.

A localização dos paraciclos também é super importante. Quando vamos instalar em nossos clientes, sempre orientamos a colocarem num local com boa visibilidade e iluminação.De preferência com fluxo de pessoas por perto, pois o movimento inibe o ladrão.Afinal, ele nunca sabe se alguma daquelas pessoas chegando perto é o dono da bike. Colocar os paraciclos naqueles cantos “obscuros” é um grande erro.

– O que falta nas grandes cidades brasileiras para terem mais adeptos da bicicleta como meio de transporte?

Isso é uma soma de fatores.

Na minha opinião o principal fator é a falta de respeito entre todos. Se as pessoas se respeitassem mais, já teríamos um cenário bem melhor do que temos hoje.

Podemos somar nessa conta a falta de estrutura e planejamento para quem se desloca por bicicletas, tais como ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas, etc. Faltam também sinalização vertical e de solo.
Falta promover também a integração entre os modais de transporte. Hoje temos a cultura de pensar em sair do ponto A e chegar no B usando um modal. A bicicleta não é a solução definitiva para o trânsito, mas faz parte dela e na minha opinião, a integração entre os modais é fundamental. Se os terminais de trens, ônibus e metrô implementassem bicicletários, por exemplo, já seria um ótimo incentivo e tenho certeza que com grande demanda de usuários. Veja o caso do bicicletário de Mauá, por exemplo.

Campanhas educacionais para motoristas, ciclistas e pedestres promovendo o conhecimento de todos os direitos e deveres de cada um e o respeito entre todos é fundamental.

Uma coisa que está impressa em nossa sociedade são os preconceitos. Esta visão de que quem usa transporte público ou bicicletas não é uma pessoa bem sucedida e que ter um carro é um símbolo de sucesso é muito comum, principalmente em nosso país. Porém, ela já não cabe mais nos dias de hoje. Com o passar do tempo, estamos vendo que isso não é verdade, tanto que pesquisas já apontam o desinteresse dos jovens por automóveis, o que começa a preocupar as montadoras. Quebrar esses paradigmas ajudam muito na construção de uma cidade e de uma sociedade melhor também.

E infelizmente não dá pra não citar o que eu acho que está entre as principais causas que é a impunidade e morosidade do nosso sistema judiciário. Hoje nosso trânsito mata mais que muitas guerras, motoristas, pedestres, ciclistas, skatistas e há uma visao comum na justiça que trata essas mortes como “acidentes” quando não como deveriam ser tratadas desta maneira. Deveriam ser sim tratadas como crimes.

Você vê que a maioria das pessoas que cometem crimes bárbaros de trânsito nunca são presas. E quando são, ficam pouquíssimo tempo até seus advogados conseguirem com que paguem uma fiança e respondam um processo em liberdade. E, quando condenadas, têm penas ridículas como pagamento de cestas básicas e prestação de serviços comunitários.

– Finalizando, quais são suas dicas para aqueles que adotaram a bicicleta como estilo de vida?

Que aproveitem sua escolha! Usando a bikes ficamos mais livres, felizes, saudáveis, sociáveis, temos um acesso e uma visão melhor da cidade e das pessoas, então curtam isso todos os dias quando estiverem pelas ruas.

Quanto mais fazemos isso, mais à vontade e integrados nos sentimos nas ruas. Então a principal dica é também não relaxar totalmente da segurança, ande sempre ligado com o que acontece ao seu redor, ocupe seu espaço, sinalize suas intenções, interaja com os motoristas e pedestres, respeite as regras de trânsito e curta a vida!