Blog Vou de Bike

Postado em 12 de November por gugamachado

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Conheça o projeto “Transite”

 

Estes dias conversamos com o Felipe Baenninger, que é fotógrafo, tem 25 anos e mora em sua bicicleta desde dezembro de 2012. Deste papo, surgiu a interessantíssima entrevista que você acompanha abaixo!

1-) Como surgiu a idéia do “Transite”?
A idéia de documentar ciclistas pelo mundo foi inspiração direta de um projeto da Africa chamado Bicycle Portraits feito pelos fotógrafos Stan Engelbrecht and Nic Grobler, um estudo de 3 anos sobre a cultura da bicicleta da Africa do Sul financiado todo via crowdfounding (financiamento colaborativo ou coletivo).
Eu já tinha planos e vinha juntando forças para uma grande viagem de bicicleta pelo país, quando conheci Nic em uma visita que fez alguns anos ao Brasil, e pude perguntar tudo que queria sobre como foi realizar o documentário.
Dai misturei minha jornada de bicicleta com um documentário sobre os outros ciclistas, dai nasceu o Transite.
Também escolhi viabiliza-lo através do sistema crowd, ou seja o fotolivro fica a venda durante toda a realização do documentário e é isso que mantém o projeto vivo financeiramente.
2-) Qual o principal objetivo do projeto?
Realizar uma jornada de 2 anos por cerca de 18000 kms e ao final produzir um fotolivro sobre os ciclistas do Brasil.
Com isso pretendo fortalecer e divulgar a cultura da bicicleta e a importância que ela exerce na locomoção do brasileiro.
3-) Você já está na estrada a alguns meses. Como tem sido a experiência?
Sensacional, me sinto um cigano, hahahaha!!!!
Já rodei cerca de 2600km, visitei 5 estados, 35 articuladores de hospitalidade me ofereceram um sofá ou facilitaram um pouso para mim na estrada.
Tem sido uma experiência gratificante ajudar e ser ajudado nos lugares onde passo.
Acredito muito que a bicicleta seja um grande cartão de visitas para viajantes, te aproxima muito da população dos lugares e facilita em puxar papo por ai. Nunca estamos sozinhos.
4-) Tem notado muita diferença entre a infra-estrutura cicloviária das cidades por onde tem passado?
Muito diferença não é bem o termo, eu tenho notado a ausência dela ou uma tremenda falta de planejamento por parte das prefeituras e governo. Da para dizer que lugares onde os ciclistas são encontrados em massa a tendencia é se ter mais estrutura.Em tais lugares temos bicicletários, para-ciclos, vias exclusivas de bicicleta, etc. Mas as implementações ainda são feita de forma oportunista e não pensada.
Tem lugares com kms de ciclovias e não se incentiva o uso da bicicleta, faltam ciclistas. Tem lugares onde a ciclovia mede 46 cm(!)
Para mim a estrutura vem junto com uma campanha de conscientização da mobilidade, lá na escola.
Temos que aprender sobre a importância de se ir e vir em paz pelas cidades.
5-) E com relação ao comportamento dos motoristas ante aos ciclistas?
Eu já fui motorista e consigo entender o quanto egoista e estressado você pode ficar.
Não sirvo para ficar parado em um automotor, mas entendo um pouco o universo deles.
Dentro da mobilidade algo que não é muito dito é que todos estão com pressa e estamos querendo fazer isso da melhor maneira que encontramos. Na grande parte do tempo os motoristas da cidade são respeitosos e fazem o que pode para conviver com ciclistas numa boa.
O lugar onde me senti mais ameaçado pela estrutura da cidade e pelos motoristas foi em Florianópolis, os bairro são distantes e as vias que conectam um ao outro tem limite de 80km/h, as ciclovias são super mal sinalizadas e rotas para fugir dos tuneis não possuem indicação. Mas sobre a relação com os motoristas é uma questão de contexto, quando a cidade facilita o cara não é agressivo, quanto mais rapida a via menos o motorista ve as coisas no caminho, ou seja você é só mais um obstaculo da rua até o ponto de chegada dele.
6-) Após o término da viagem, quais são os seus projetos?
Uma coisa de cada vez, apesar de ser um bom planejador e me cobrar muito, nesta viagem o aprendizado que quero levar cada vez mais é viver o agora.
7-) Finalizando, como as pessoas podem ajudar o “Transite”?
O produto final do projeto é um fotolivro impresso a cores, que vai ficar lindo, hahahahah !!!
Nele estarão as historias dos ciclistas que encontrei na jornada e outros materiais especiais.
Além disso vendemos camisetas estampas por fotos minhas e de outros artistas.
Se alguém se interessar, quiser ver as estampas e saber mais sobre o fotolivro
pode nos mandar um email vitaminacoletiva@gmail.com
Felipe, muito obrigado pela entrevista e pelo seu tempo, e muito boa sorte nesta empreitada!!!!